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domingo, 21 de outubro de 2012

VIDA RIBEIRINHA - Jorge da Costa Batista, poeta marajoara.


VIDA RIBEIRINHA

Eternamente contemplo:
O lento remar beirando o rio,
Braçadas no compasso apressado,
É o leito do rio, seu caminho, a margem seu destino.
Convivo com as águas vivas, lançante d'água,
Água mãe generosa.
Encher, repontar, vazar, mãe d'água, do rio.
E o homem do rio, rio cruzar, rio descer, rio subir.
Aproveitar a maré, remar contra, a favor.
Vejo o homem aproveitar o vento, velejar, bordejar.
E o sol a brilhar, refletir nas águas ribeirinhas, ilhinhas.
E a lua, no seu luar, enluarar, as águas subindo nas ilhas,ilhar.
Vida ribeirinha é assim;
Nosso rio, nossa rua.
Rua mutante que sobe, que desce, que enche, que vaza,
Que corre, que fica parada. Parada d'água.
Maré seca vejo o pescar, baixa-mar.
Maré cheia o navegar.
Contemplo novamente a lua e o vento a brincar com a maré,
Como marionete, fazendo marola,
Maresia, rebuliço, correnteza, redemoinho, corredeira, cachoeira
A maré que brinca de descobrir as pedras, afundar os recifes.
Sobe os peixes, chuva cai renovando as águas,
O peixe desova, renovando os cardumes, vibra o ribeirinho
Renovando seus costumes.
Habitar suas margens, nadar em seus leitos, remar, navegar, pescar,
Viver mirando a beira do rio.
Explorar, cultivar, extrair d'água víveres, a dança da natureza.
A riqueza é o homem que vive, sobrevive nos riachos,
Rios, igarapés, furos, braços, paranás, córregos, vales,
Onde tudo a água invade, venezas.
Água que dá vida, eterna piracema humana.
Inexplicável fenômeno essa contemplação ribeirinha,
Privilégio de quem nasce à beira-rio.

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Autor: JORGE DA COSTA BATISTA - nascido em 23 de Julho de 1964, na cidade de Ponta de Pedras/Marajó-PA. Licenciado em história pela UFPA - Campus de Soure-Pa. Professor Municipal em Ponta de Pedras. Vencedor de vários Concursos de Contos e Poesias pela SECULT e SMED/PP. Membro da ASPELPP/DJ (Associação de Professores para Estudos Literários de Ponta de Pedras - Dalcídio Jurandir).


FOTOGRAFIA: Marcelo Bruno 

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