“A natureza está secando”: quilombo no Marajó vive impactos do arrozal e clima de violência

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

AS RUÍNAS DE SURUANÃ - Sylvia Helena Tocantins

Esta obra é o registro precioso dum Marajó que já era. A baeta encarnada foi trocada pela capa de napa, o chapéu de carnaúba pelo capacete de plástico, o patchuli foi esquecido para dar espaço ao extrato barato. Programados pela economia de consumo, os seres humanos viram autômatos, que tem o mesmo cheiro e a mesma fala imposta pela rádio e a TV........Padre Giovanni Gallo.

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O Marajó pode ser visto por muitos prismas. Eu prefiro ver dentro da grandiosidade paradisíaca que a natureza lhe oferece. Ambiente rude e agreste, mas pleno de encantamento. Lá na hora cismativa do poente, Deus é quase palpável. Sentimos a sua presença bem de perto.
O marajoara é acomodado como a canarana e o mururé que dormitam em cima d'água e só caminham quando a maré os leva. Devia ser como a jacitara que se apega aos altos troncos, vai subindo até tomar sol lá em cima. Vive num cenário primitivo, enfrenta rigorosas invernadas de pé no chão e chapéu de palha. Suporta o verão causticante e o juquiri espinhento que nasce na terroada, mas está sempre de bom humor, conformado e acha remédio pra tudo. Somando tudo isso, o caboclo é um herói anônimo, na luta do ganha-pão.
De uma credulidade máxima, ultrapassando o limite da suposição e atingindo o lado sobrenatural das coisas, vive o nativo da ilha, num labirinto fascinante de lendas e "causos", campos e cerrados, planícies e igapós. Conserva a crendice das gerações antecedentes, fiéis às suas origens indígenas...
A vida daquela gente tem o mesmo compasso lento do giro vagaroso dos carros de bois..........Marajó é um tônico para os nervos. Relax total, colírio para os olhos. Faz bem a quem vive poluído pelo concreto, nos centros computadorizados. É uma fuga da realidade para o sonho........Sylvia Helena Tocantins

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